Mil novecentos e tal

            Anos de bagagem, de história, de luz, de dom, de sabedoria, de vitória. Dezessete mil experiências, tantos passos dados até aqui, tantas portas já abertas e tantas por abrir. Amiga, tia, sobrinha, amada, amante, filha, ser humano, assim sou desde aquele dezenove, desde aquele junho, desde aquele mil novecentos e tanto. 
             Dezessete vezes eu, mil penteados, tantas histórias, inúmeros amigos, milhões de pessoas passaram por aqui, ao longo desta caminhada, que hoje julgo ser longa, mas que nem começou. Inicia aqui. Agora é tudo novo, de novo. E mais uma vez, folha nova, novo parágrafo... Lá vou eu a escrever meus orgasmos, vivenciar novas situações, bater língua por novos lugares, deixar o meu abraço apertado em outros corpos, deixar os meus conselhos, escrever meus erros e acertos. Erguer a taça no pódio, também, ou retornar para casa acuada, jamais de cabeça baixa. 
           Dezessete mil sorrisos espalhados, milhões de dúvidas e a certeza de que muitos desafios terei, porém, ainda que a força venha a falhar, as esperanças estarão sempre aqui para me lembrar de mostrar os dentes e bater na porta da felicidade. 
              Dezessete mil motivos para amar, alguns fatos que não me permitem desistir de persistir e encarar mais vinte, trinta ou quarenta anos a frente, na busca de realizações e amores não platônicos. 

"O melhor de fazer aniversário é olhar para trás e estar ciente de que cada ano que passa a experiência vem, mais uma vez, ao nosso encontro."
                                                                                                             (Deise Carvalho)

19 de Junho. 

(Obrigado por todos os votos de parabéns.)

UAU !

            Mais de trinta visualizações em um dia. O que tenho a dizer sobre isso? Muito Obrigado, leitores. Afinal, quem constrói o orgasmo  somos nós, pois sem vocês o blog não existiria. 

O melhor texto do mês, disparado, com mais de trinta visualizações em um dia fica com o texto "Se".


Meia nove

          Meu nome é Julie, sou chefe de departamento, ou melhor, ex-chefe de departamento. Há uma semana fui demitida, ou seja, sou uma desempregada qualquer. Sou solteira e tenho um filho, o Eduardo.
            Certo dia, naquele dia, meu último dia de trabalho, recebi um e-mail maluco de uma amiga me convidando para ir a uma reunião de mulheres.. (Você deve estar se perguntando o que há de maluco nisso e vai ficar se perguntando por mais um tempinho). O fato é que eu estava abalada, afinal sem emprego, o destino se torna incerto, portanto não estava no clima para qualquer tipo de evento ou comemoração. Porém essa minha amiga insistiu muito e passou aqui em casa para me apanhar, ou seja, acabei indo. O local era completamente estranho e não combinava com uma simples reunião de mulheres. Apavorada, perguntei para a minha amiga, a Dani, se havia algum tipo de brincadeira ou algo que eu não sabia.. Ela disse que não, que estava tudo sobre controle. Dessa forma, confiei nela e fui em frente.
               Aparentemente parecia uma residência comum, com direito a cachorro e tudo mais. Mas uma coisa me intrigava, o som alto que partia lá de dentro. A Dani não havia me dito que seria algo mais descontraído.. Trajando o meu terninho de sempre e de cabelo repartido no meio, entrei. Haviam muitas mulheres naquele local, todas animadas, dançando, curtindo. Fui apresentada a dona da casa, a Lia, e ela me pareceu bem simpática. 
                Nos primeiros trinta minutos estava achando tudo um saco, pra ser bem sincera, já que eu não estava nada animada. Mas, depois de uma dose seca de whisky a noite começou a esquentar, literalmente. Afinal, foi nesse instante que eu tirei o blazer e me joguei na pista. Dancei, dancei muito. A essa altura a Dani havia sumido de meu lado, tive que me enturmar com umas outras mulheres da casa. Todas muito receptivas. Ocorria tudo da maneira mais maluca possível, eu nem acreditava que estava ali e passei a acreditar menos ainda quando olhei para o lado e haviam duas mulheres envolvidas por um beijo intenso. Foi nesse instante que decidi parar de beber e observar as outras mulheres ao redor, então, percebi que elas dançavam em duplas, "cantavam" umas as outras.. Em fim, só aí me dei por conta de que eu estava em uma cilada. A reunião de mulheres, na verdade, era uma festa Lésbica. 
                 Apavorada, sai pelos quatro cantos daquela casa imunda para procurar a Dani, que havia sumido. Que nojo sentia, enquanto aquelas mulheres passavam a mão em mim, e mais nojo me dava, quando pensava o quão tonta fui em não ter percebido tudo desde o início. Alguns minutos de caminhada e lá estava a Dani, conversando com a Lia. Me pus nervosa nesse instante, afinal não queria demonstrar o meu nojo para a dona da casa e por outro lado, pensava que eu devia fazer aquilo, afinal o que meu filho iria pensar se soubesse que eu frequentei um lugar desses. Fiz milhões de sinais, enviei um torpedo.. Mas nada da Dani vir ao meu encontro. 
                 De repente o meu telefone toca, era o Dudu dizendo estar com febre. Eu precisava sair correndo daquele lugar, mas não tinha como, afinal estava de carona e não tinha nenhum número de táxi. Nervosa, resolvi beber uma dose de tequila.. E puf! Não lembro de mais nada. 
                 Só sei o que me contaram e o que restou de mim no dia seguinte. Segundo a Dani, comecei a dançar como uma doida, chamei a Lia em um canto e disse que estava com muito nojo daquele lugar, mas que estava carente. Já a Lia me contou, no dia seguinte, que eu a beijei, em seguida fomos para o quarto. Já segundo a minha memória acordei ao lado dela, abraçada nela, na cama dela. OMG ! O meu nojo foi convertido em outras coisas e o meu filho entrou em convulsão e foi socorrido pela vizinha. 
                 Que pesadelo! Essas lembranças sujas, não saem de mim. Essa culpa sobrevoa sobre a minha cabeça, cada vez que olho para os olhinhos do Dudu, sinto tremenda vergonha. E um vazio, uma vontade de chorar, acompanhada de uma louca vontade de repetir tudo outra vez! Na rua do juízo, número 69.

Espelho

Foi neles que encontrei aquela paz que eu precisava para poder ouvir a minha própria voz, foi nos teus olhos que pude ver o meu reflexo, a minha verdadeira forma. E, talvez, foi no teu sorriso que encontrei os verdadeiros motivos para sorrir. 

Obrigado.


Inexplicável

          Há um tempo atrás, eu teria um milhão de coisas para dizer sobre o amor. Diria que é algo vazio, caso estivesse desiludida. Diria que é o maior dos sentimentos, o supremo, caso eu estivesse pensando amar alguém. Ano passado, aliás, eu disse que "o amor é como uma rosa, precisa de cuidados, dentre esses, o carinho, a dedicação; devemos regá-la todos os dias com a mais pura água, e tudo o que há de bom em nós." E realmente a coisa funciona mais ou menos assim, mas o que me surpreende é ter dito o que não sabia, ou talvez o que ainda não sei direito. Afinal, me considero "calouro" na arte de amar.
           Este ano já não sei o que dizer sobre o amor, já que é tão bom, tão melhor do que eu apenas pensava. O amor é um universo paralelo, onde embarcamos em uma viagem de intensidade, é como mergulhar no mais puro dos oceanos, é estar perto mesmo há milhões de quilômetros. Amar é atravessar o deserto de todas as solidões, é estar forte e capaz de encarar qualquer desafio, sem ter medo, pois amar é um desafio. Amar é perdoar não importando a situação, é ser companheiro, é ser amante. Amar é renascer a cada dia, ter o reflexo das boas vibrações no sorriso e no olhar do outro, é  transbordar de satisfação, é enxergar um mundo inscrito na Terra.
              A lupa do amor me faz enxergar o quanto eu era vazia, quando pensava que o amor existia para todos os outros seres, menos para mim. E a prisão que eu me autosubmetia consistia no medo de estar aberta, de estar pronta para habitar um universo que não era o meu, o universo das pessoas felizes. Mas a coragem me veio a tempo para mostrar que amar é inexplicavelmente inexplicável.





Para todos os apaixonados, um Feliz dia dos Namorados. 

Se



Se mudar tudo é a saída,
Eu quero tudo de novo
Se acertar sempre é monótono,
Eu quero seguir errando
Se o difícil é bom,
Eu quero me submeter ao amor
Se a vida é uma só,
Não importa, eu quero replay
Se você já não me faz bem,
Algum tipo de balada me fará
Se existe apenas um caminho,
Eu quero todos os possíveis
Se lutar por o que me convém é símbolo de morte,
Que me executem
Se para ter tudo o quero tem um custo,
Eu pago
Se for para tudo acabar agora,
Não quero, pois não é o fim
Se ter disciplina é ser normal,
Sou louca, pois meu interior é uma desordem
Mas, se acaba com "foram felizes para sempre"
Desculpe, pois essa história não é a minha
Afinal, o "pra sempre" é tão volátil quanto o álcool.