Vazio

     

           Agora nem cabelo, nem sobrancelha, nem pele me preocupam. A depilação com cera é uma das dores mais insignificantes, nesse momento. Esmaltes, batons, sapatos, jóias já não fazem a minha cabeça. Doença? Não. É mal de amor. Não diria que não é mais ter motivos para sorrir, mas digo que é falta de diversão, de empolgação ao ver o sinal vermelho nos finais de mês, seguido de um pequeno grande alívio. É vontade de conflitar, de ter alguém que me ouça sempre que eu quiser e precisar falar. É falta de ter alguém que me ligue na madrugada, mesmo para mandar um beijo ou para desabafar. É falta de sentir falta dos amigos. É vontade de ter alguém por perto, mesmo que esse alguém seja cego, surdo, mudo. É a praga que se depositou no meu corpo quando te disse adeus. É mais que infecção é câncer e não sai. Não dói. Corrói. E me faz ver que a vida não pode existir sem que haja alguém que atenda os desejos, proteja dos medos e que abrace sempre que eu me sentir vazio, como agora. 



Confissões

        O frio na barriga é algo que ainda acontece. Eu não imaginava que seria assim, muito menos depois de um tempo, quanto tempo. Sempre é como se fosse a primeira vez. É como se o artista nunca subira no palco, como se a platéia não fosse aplaudir, como se aquela sensação positiva nunca fora sentida... 
E é exatamente assim que me sinto quando te vejo e deparo tantas vezes com um sorriso, em raras situações me espanto com a ausência dele. E bate de novo aquele frio na barriga, aquela vontade de te acolher e jurar que tudo vai ficar bem. Aquela pontinha de dúvida do tipo: "será que eu fiz alguma coisa...", sempre bate na porta, mas é só não deixar ela entrar. 
           Que gostoso encontrar a tua mão, trazer junto a minha ou a sentir tocando os cabelos. Desesperador é não a encontrar e nos cabelos apenas sentir o vento frio que bate. Virar para o lado e procurar aquele olhar sincero e fixo, é algo que realmente faz um momento qualquer ser especial. Difícil é procurar e não encontrar as janelas abertas, inexistência de brilho, de sol. As flores que recebo e às vezes finjo que não vejo, são só sinônimo de que eu as vi, adorei e quero de novo. Os bilhetes que você acha que não li estão na gaveta da mesinha, fora do envelope, sinal de que leio sempre que preciso sorrir ou de um abraço teu. 
         O mais importante de tudo e que jamais quero que esqueça é que considero uma das melhores sensações o momento da reconciliação, afinal se existem brigas, é para que hajam mudanças e ajustes que nos tornem cada vez mais fortes. Dizem que as mulheres mandam, que dominaram o mundo e que superaram os homens, em muitos aspectos. Mas, talvez estejam esquecendo de confessar que, apesar de tudo, é impossível não ficar sorrindo por dentro ao ouvir um elogio ou não sentir aquela sensação de perda, quando as nossas mãos se desencontram. 



Onze do onze

       
           Sol de fevereiro e lá vamos nós. Os trinta e dois, de codinome onze, no ano onze. E talvez essa combinação não seja um mero acaso, afinal algumas coisas mudaram por aqui... Descobrimos que os homônimos, Danielas, Vinícius e Vanessas, podem ser denominados isômeros. Ganhamos quatro elétrons, mas não podemos dizer que deixamos quatro pelo caminho, afinal a intensidade de sentimentos é algo que ainda se mantém. A sociologia saiu de campo, entrou a filosofia. E agora, apesar de ser sem fórmulas e sem calculadora, a soma continua perfeita e intacta, afinal a ordem dos fatores não altera o produto. E por increça que parível isso tem dado muito certo, ainda que em épocas de primavera os olhinhos andam pintados e a atenção ás vezes dá um passeio lá na mecânica. 
            Apesar dessas mudanças todas, é inegável que a persistência continua intacta, assim como o bom humor, as amizades e superações. Se a ligação era apenas metálica, posso dizer que se duplicou e virou do tipo sigma - pi. Se antes tínhamos a capacidade de converter unidades, hoje, devido a esse mix de qualidades e defeitos, somos capazes de converter lágrimas em sorrisos e mostramos que somos nota dez em união. E, embora, em alguns momentos, mostramos a instabilidade das partículas gasosas, basta uma gota de agente precipitante e tudo volta a ser sólido novamente.
               Camões ficou para trás, a leitura da vez é Brás Cubas e essa história de entender de que trata o texto ainda é um dilema para muitos. A loucura e a lucidez ainda oscilam e brigam entre si, disputando quem domina nossos corpos sedentos por férias, sombra e "água" fresca. Talvez essa água não seja tão pura e tenha misturas que nos façam enxergar um cubo de oito lados ou se acostumar com as especiarias que servem no bar. Ah, já ia me esquecendo de lhes dizer que os elétrons mencionados acima têm nomes e podemos chamá-los de Laiana, Hariel, Pietro e Amanda. Elétrons de cargas positivas e que só agregaram e contribuíram para essa variedade de emoções. Quantas emoções! Física têm sido uma delas... 
              O cupido acertou alguns coraçõezinhos por aqui, deixou os lábios mais sorridentes e o clima mais descontraído possível. E ao som do violão, no passo de ballet, nos versos, nos gols, na excelência, nas boas notas, na criatividade, é que nos inspiramos a cada dia e não deixamos de ser esse grupo forte, que reúne elementos únicos e pessoas simplesmente incríveis. E é assim, com essa energia toda que vamos seguindo esse caminho, de pedras, flores, espinhos, alegrias, tristezas e vitórias, que na soma final é só cortar e pôr as qualidades em evidência, que o resultado será sucesso. E se me permitem plagiar uma parte do texto anterior, não posso deixar de repetir que somos campeões e é com a trilha de "We are the champions" que encerramos essa batalha. Para aqueles que estão na corda bamba é só rezar para o pai nosso que estais no céu, pedir para livrar nos da crueldade do conselho, que os professores sejam bonzinhos conosco, para que seja feita a nossa vontade de passar de ano, assim como a de ter férias. Que dois mil e doze venha livre de todo o mal, que o chico não nos abandone... Amém!

"Eles riem de nós por sermos loucos, enquanto nós rimos deles por serem todos iguais."

Foto do arquivo pessoal

      

Querido

Quero e quando quero, quero
Porque o querer é algo que quer queira quer não
É algo forte e se quero, quero sim

Quero sempre, amanhã
Não importa quando, só sei querer
Quero sem saber direito como é
Quero mas não apenas por querer

Se estou querendo quer dizer alguma coisa
E se quero alguma coisa
Só há uma possibilidade de querer
Porque se eu realmente quero assim, sem fim

Quero uma mais que todas as coisas
Quero aqui e lá
Quero agora, não demora
Quero você.