Vazio

     

           Agora nem cabelo, nem sobrancelha, nem pele me preocupam. A depilação com cera é uma das dores mais insignificantes, nesse momento. Esmaltes, batons, sapatos, jóias já não fazem a minha cabeça. Doença? Não. É mal de amor. Não diria que não é mais ter motivos para sorrir, mas digo que é falta de diversão, de empolgação ao ver o sinal vermelho nos finais de mês, seguido de um pequeno grande alívio. É vontade de conflitar, de ter alguém que me ouça sempre que eu quiser e precisar falar. É falta de ter alguém que me ligue na madrugada, mesmo para mandar um beijo ou para desabafar. É falta de sentir falta dos amigos. É vontade de ter alguém por perto, mesmo que esse alguém seja cego, surdo, mudo. É a praga que se depositou no meu corpo quando te disse adeus. É mais que infecção é câncer e não sai. Não dói. Corrói. E me faz ver que a vida não pode existir sem que haja alguém que atenda os desejos, proteja dos medos e que abrace sempre que eu me sentir vazio, como agora. 



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