Nada de nós

          Joguei pela janela as pétalas das rosas que me deste, com elas voaram as lembranças, os sentimentos, o medo. Fechei a cortina e me pus no canto. Encolhida ali fiquei a pensar e repensar sobre todas as coisas incríveis que me aconteceram nos últimos meses. Sorri sozinha diante de todos os sonhos realizados, de todas as longas conversas durante noites inteiras, diante de tudo o que se referia a "nós" dentro de mim.
            Não chorei, porque agora já seria inútil, uma hipocrisia convertida em perda de tempo. Então, simplesmente liguei o "Beatles", que dizia mais ou menos assim: let it be. Permaneci ali, fumei uma carteira de um cigarro qualquer e fiquei a pensar e repensar sobre mim e tudo o que me compõe. Música, amigos, pai, mãe e nada além disso, já que o amor voou com as pétalas, já que você virou fumaça assim como os cigarros, assim como você virou as cinzas que restaram das cartas. O nada de nós que restou em mim se converte em vazio, em rascunhos do caminho que pretendo tomar e dos momentos que pretendo viver assim, a sós.

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