Maria


     Bendito seja aquele aroma de orvalho, acompanhado dos primeiros raios de sol que surgem pela manhã, durante a orquestra de pássaros e galos a soar o clássico. Eu realizando sempre a mesma tarefa, ordenhar o branco e puríssimo leite, arrumar a mesa para o café da manhã, ordenar os filhos, que nem tenho, a escovar os dentes. A patroa acorda com enxaqueca, reclama de tudo e vai para o trabalho. Enquanto coloco os meninos no carro, pego a chave e sigo a caminho da escola.
       De cá para lá vou observando a tranquilidade e estabilidade inexistentes, aumentando a cada quilômetro que me aproximo da cidade. Pessoas com as cabeças cheias logo cedo, presas em tudo o que diz respeito a bens e poder, zelando pela classe e arrogância.
        Depois de deixar os meninos na escola, vou ao shopping center pagar uma fatura atrasada, para a minha patroa, lá observo pessoas estranhas de falso sorriso, e profundo abandono. E como podem viver assim? Vazios, mesmo diante de um convívio tão intenso com diversas pessoas.
        Abençoada é a vida que levo, com simplicidade, cultivo do afeto, uma vida considerada sem graça e vazia, por todos aqueles que desconhecem o verdadeiro amor.

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