Conto de falhas

        Eu inventei tantas histórias para evitar falar de mim, feito um palhaço que pinta o rosto para ganhar seus dias.     E quantas vezes eu contei amores que não eram meus, só para aliviar o excesso daquilo que já não cabe no peito. Foram muitas. Cada uma de um jeito diferente, com uma nova roupagem, todas sinceras. Mas, quero dizer que sim, escrevi bastante sobre o que vivi, relatei cada fase. Relatei cada pétala das rosas que um dia me enfeitaram a mesinha e que agora foram lançadas ao vento. Relatei cada retrato, cada canção. Cada poema escrito, cada sopro nas feridas, cada beijo adocicado, tudo - absolutamente tudo foi registrado - e como disse: até mesmo o que não vivi. E o que me enche os olhos é simplesmente o fato de ter passado mensagens, encantado e até ter feito parte de alguns capítulos de vidas, que assim como as minhas histórias, não são minhas.


2 comentários:

  1. Não, eu não sou demais, os meus leitores é que são demais, porque sem leitor não há blog.

    Um beijo, volte sempre.

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