Menino


               Que tempo estranho faz lá fora. Ora tempestades, ora sol ardente. Tempos que nos fazem grandes ou pequenos, que renova ou queima a pele. Tempos que vem e vão. Depois de tantas enxurradas o menino aprendeu a fechar a janela e apenas observar a chuva. Chorar não se tornou inválido, mas um gesto raro para expressar tamanha emoção ou descarregar a matéria. Nesta página do diário deixo registrado que o menino cresceu um pouquinho e, embora não possa ser considerado experiente, já sabe um pouco de malícias e maldizeres. Não se pode evitar a mágoa... Assim, como não se podem prever as glórias.
                Menino pula feito doido, agora sorridente, comemorando a justiça feita pelo velhinho. Não são amores que o emocionam, mas a capacidade de aprender a trilhar um novo caminho. E, agora, de mãos dadas com  pensante, meu coração menino encara a vida com mais força. Agradecendo a cada dia por abrigar novas pessoas, aprendendo a não se deixar levar pela promessa e deixando de lado a vontade de "bater". Ninguém precisa agredir para revidar as pancadas que levou, existe um velho justiceiro que está sentado a observar a ação de cada menino como o meu. E não é na infelicidade do outro que mora a realização, mas sim no poder de superar as próprias expectativas. 

Não mais acuado o menino abre uma fresta da janela, anda fazendo sol lá fora e que bom. Nada é para sempre, nem mesmo a tristeza. De amores não se sabe, nunca mais se ouviu falar. E enfim, que seja assim até a próxima estação, já que nada é para sempre.  

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