Amor e ponto final

E foi exatamente assim, eu sentada diante de uma lareira, com pensamentos, cigarro, vinho. Você chegou sem pedir licença e me pegou a mão. Nem fechou a porta, entrou de pressa - como quem quer salvar uma vida - e no nosso caso eram duas vidas salvas. Sinceramente, eu já havia desistido. Eu já havia comprado passagens para um lugar distante, onde eu pudesse me refugiar, viver uma outra história. Mas, você me agarrou pela cintura e sem nenhuma palavra sorriu. Foi o melhor sorriso que recebi, sem dúvida. Não era o mesmo sorriso de tempos atrás. Era um sorriso mais vivo, transparecia a alegria de me ver, de estar ali. Foram alguns minutos assim, como duas crianças nada afoitas, dois olhares que se reencontraram - se redescobriram! Antes do beijo jogaste um papel na lareira, lembras? Era o teu contrato de casamento. A partir dali te declaravas livre. E aí sim, nos beijamos até a eternidade. O vento batia em nossos cabelos, mas não era um vento capaz de apagar o fogo da lareira, nem aquele que estava em nós. Aquela velha chama reacendeu e quem diria, eu ali reciclando um sentimento antigo. Dizem que quem gosta de velharias é museu,  mas eu diria que para um coração que ama, um amor nunca será velho o bastante para não poder ser recuperado. Ao contrário do que se pensa, o amor quando é verdadeiro se renova a cada dia, somando tudo, fazendo de nós inseparáveis (até mesmo quando separados). Foi exatamente assim que recomeçamos e parece que foi ontem. Mudaste tanto, deixaste a solidez para arriscar comigo uma vida desordenada, a melhor desordem que eu poderia ter. 

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